Varicela em crianças: sintomas e tratamento


Família
22/08/2023

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O vírus varicela zoster pertence ao grupo dos herpes vírus sendo responsável por 2 doenças: a varicela, que corresponde à infeção primária, e a zona, que é uma manifestação clínica devida ao vírus latente.

A varicela é uma doença altamente contagiosa, por via aérea (gotículas de saliva) bem como pelo contacto directo com as lesões cutâneas. Assim se explica a facilidade com que a doença se propaga em meios fechados tais como nas creches e infantários.

O período de incubação pode ir de 10 a 21 dias, rondando habitualmente os 15 dias.

Geralmente as manifestações clínicas surgem em simultâneo - pode ocorrer febre, que geralmente não é muito alta, sensação de mau estar, e lesões da pele que começam geralmente como pápulas, idênticas a picadas de insecto que rapidamente evoluem para vesícula com líquido e rebentam ficando em crosta. É habitual existirem na mesma zona do corpo lesões em diferentes fases, umas ainda no início, outras já em crosta. Normalmente a cabeça e o tronco são sempre atingidos, mas é normal que as lesões se espalhem por todo o corpo. Também pode atingir as mucosas oral e genital, na forma de grandes ulcerações, causando grande incómodo.

A criança já é contagiosa nos 2 a 3 dias que antecedem o aparecimento dos sintomas e assim se mantém enquanto as lesões não estiverem todas em crosta (cerca de 7 dias). Durante este período a criança deve estar fora da escola, não só pela contagiosidade, como também porque se encontra num período vulnerável e pode apanhar outras doenças com mais facilidade.

Ainda que seja considerada uma doença benigna, podem surgir algumas complicações associadas, nomeadamente infeção das lesões cutâneas, meningite, encefalite, pneumonia ou desidratação. Os pais devem estar alertas a eventuais sinais de alarme: febre alta que não cede, vómitos incoercíveis, alterações do estado de consciência, alterações do equilíbrio....

A doença é particularmente preocupante quando ocorre durante a gravidez, principalmente antes das 20 semanas de gestação, podendo causar malformações fetais, a nível dos membros, cegueira e paralisias cerebrais. Também é particularmente grave se a mãe surgir com varicela nos 5 dias que precedem o parto, pois o recém-nascido nasce infetado, já que não houve tempo para a passagem de anticorpos da mãe para o feto. Pode causar uma infecção generalizada com mortalidade elevada.

Qual o tratamento adequado?

O tratamento da varicela é fundamentalmente sintomático. Ou seja, deve controlar-se a febre com paracetamol, evitando a utilização de anti-inflamatórios já estão descritas situações muito raras de aparecimento de Síndrome de Reye na criança.

É aconselhável cortar as unhas rentes para evitar infetar as lesões, bem como um banho diário com água morna (nos casos com comichão intensa, é possível colocar na água duas a três colheres de farinha Maizena, já que o amido alivia este sintoma).

Ainda que não esteja habitualmente recomendado, nos casos de comichão intensa poder-se-á ainda prescrever um anti-histamínico. Também de acordo com o médico assistente, poderá ser administrado um antiviral-aciclovir, que eventualmente evita a replicação viral diminuindo a duração e a gravidade da doença. No entanto, o seu uso devera ser criterioso e sempre de acordo com a indicação do médico assistente.

Relativamente à vacina, a qual poderá ser administrada após o 1º ano de idade, o seu uso é controverso. Tratando-se duma doença benigna na maioria dos casos os profissionais de saúde defendem que a criança deverá ser sujeita à possibilidade de ter a doença, já que a vacinação poderá fazer com que surjam casos na idade adulta, em que a gravidade é maior.

Assim ou a vacina teria de ser obrigatória e fazer parte do PNV, de modo a que todas as crianças fossem vacinadas, ou então deverá ter indicações nos adolescentes e adultos que não tiveram a doença, na criança imunodeprimida ou sujeita a terapêutica prolongada com corticoides.

Na próxima semana continuaremos neste capítulo das doenças exantemáticas e vamos falar do sarampo, exantema súbito e 5ª doença.



*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico. ***