Comunicação entre pais e adolescentes


Família
15/12/2020
Quando se trata de adolescentes, por vezes a coisa complica-se, porque a adolescência não é uma etapa fácil para a comunicação entre pais e filhos. As mudanças que ocorrem, tanto a nível físico como psicológico, podem fazer surgir uma série de dúvidas, interrogações e frustrações que, por vezes, não sabemos como enfrentar, mas lembre-se: existem “chaves” que “abrem” sempre.

Apresentamos-lhe a seguir um decálogo de ideias práticas que contribuem para uma melhor comunicação entre pais e adolescentes.

Por: Dr. Jordi Sasot. Psiquiatra Infanto-Juvenil. Coordenador da Unidade de Pedopsiquiatria de Centro Médico Teknon. Rosa Ma Ibáñez. Psicóloga Clínica Infanto-Juvenil. Unidade de Pedopsiquiatria do Centro Médico Teknon.

LEMBRAR

Talvez os modelos da nossa sociedade sejam diferentes, mas a sua essência é tão semelhante àquela que vivemos que não deve amedrontar-nos. Durante a adolescência dos filhos, os pais revivem a sua própria adolescência: lembram-se dos momentos de entusiasmo e de vida intensa, mas também podem reviver sentimentos antigos. É fundamental ter consciência da origem destas emoções e entendê-las, porque só assim os pais poderão usar as suas experiências de vida para ajudarem os seus filhos.

OBSERVAR

A linguagem não-verbal, exprime sempre as emoções e os sentimentos. O olhar, as expressões faciais, a força das mãos, a procura ou o afastamento do contacto físico e a aparência (roupa, cuidado pessoal, higiene, etc.) falam por si. É preciso fazê-lo sempre de forma natural e espontânea e sempre com muito carinho.

OUVIR

Como seres humanos temos tendência para falar e nem nos apercebemos de que temos dois ouvidos e apenas uma boca. Por algum motivo será! Ouvir, permite-nos conhecer o grau de empatia dos nossos filhos adolescentes, ou seja, permite-nos saber qual é o momento mais adequado para falar com eles. O simples facto de ouvir, ouvir com interesse e atenção, permite ao adolescente cair em si. Não deixamos de ser um espelho no qual se refletem os seus pensamentos.

PENSAR

Pensar, permite analisar, analisar sem barreiras, as ideias e os pensamentos dos nossos filhos adolescentes. Pensar hoje em dia é, no fundo, lutar contra o mimetismo que nos condiciona a fazer aquilo que os outros fazem, a fazer o que nos aconselham, quer sejam livros ou especialistas, sem filtrar esta cultura multimédia através da nossa experiência. Pais, sejam vocês próprios, porque a riqueza que os vossos filhos procuram está na vossa experiência.

COMUNICAR

A comunicação é mais fácil com perguntas abertas, permitindo assim aos adolescentes alongarem-se nas suas respostas: "Conta-me mais sobre isto", "Como te sentiste?". É bom esclarecer afirmações ou expressões que ficam no ar e que, sem explicação, dão lugar à dúvida ou à confusão. Em casos ainda mais embaraçosos, podemos utilizar exemplos de terceiras pessoas para permitir a projeção de ideias. Assim, por exemplo: "Disseram-me que muitos jovens não usam preservativo. O que é que tu pensas disto?". Também é útil usar respostas que denotem um sentimento de compreensão dos pais em relação aos problemas dos filhos adolescentes, por exemplo: "Imagino que te tenhas sentido mal e sem poderes contar nada a ninguém...". Na educação, o objetivo é sempre comunicar e não apenas informar.

FALAR

A informação que os adolescentes atuais possuem é muito completa, mas fica-se geralmente pelas formas, o que faz com que as dúvidas e as contradições estejam sempre presentes. Os adolescentes agradecem terem sido informados desde a infância; precisam de conhecer todas as suas alterações antes de elas ocorrerem e, claro está, o porquê de tudo. Sim, de tudo. Evidentemente de forma gradual e de acordo com a sua maturidade.

APOIAR

Todos nós temos problemas quotidianos para os quais precisamos de apoio pessoal. Há quem pense que é melhor guardar os problemas para si próprio e resolvê-los sem a ajuda de ninguém. Outros fazem uma fuga para a frente e ignoram-nos. Para a saúde emocional é muito melhor partilhar os problemas com outras pessoas que nos possam dar o seu apoio, pessoas com capacidade para ouvir com compreensão. Ao partilharmos as emoções torna-se mais fácil avançar e encontrar as soluções para os problemas.

TOLERAR

No desenvolvimento do ser humano há uma frase que adquire um valor extraordinário durante a fase da adolescência: "não existe amadurecimento sem crise". Os adolescentes devem escolher por si próprios as crenças, os valores e as normas de conduta que seguirão ao longo das suas vidas. Nestas escolhas, os amigos costumam ser a influência principal. Nestes momentos, é preciso saber estabelecer uma distância que permita a reflexão. 
Mais cedo ou mais tarde, muitos pais pensam sobre os seus filhos que "Às vezes, gostava de poder virar costas e deixá-los desenvencilhar-se sozinhos". Aprendemos, fundamentalmente, com os nossos próprios erros

ESTABELECER LIMITES

Experimentar e correr riscos são partes fundamentais do desenvolvimento do adolescente. Este precisa de descobrir do que gosta verdadeiramente e quem realmente é. Os adolescentes precisam de que lhes sejam estabelecidos limites. Quais são as regras do jogo na adolescência?

  • Correr riscos é uma parte importante do desenvolvimento adolescente, embora, por vezes, isso a preocupe ou a atemorize.
  • Assegure-se de que de que tanto você como os seus filhos estão bem informados.
  • Respeite o modelo que estabeleceu, sendo consequente com as suas decisões.
  • Discuta os riscos, procurando chegar a um acordo.
  • Negocie e ceda, se for necessário.
  • E não se esqueça que impor limites não traumatiza, mas antes educa.

PARTILHAR A INTIMIDADE

Ao falarmos com a nossa filha ou filho adolescente, especialmente sobre temas da sexualidade, é preciso saber utilizar uma delicadeza especial. E para isso é necessário que exista um espaço de respeito e privacidade, pois a partilha da intimidade requer reciprocidade nos momentos oportunos. Que melhor oportunidade para fortalecer a relação pais-filhos do que a possibilidade de falar abertamente sobre as nossas próprias vivências? Isto permite alcançar um nível de empatia que estabelece uma relação verdadeira e educa.

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